Em comício, presidente venezuelano questionou eleições no Brasil, Estados Unidos e Colômbia. Maduro afirmou que o país dele tem ‘o melhor sistema eleitoral’ do mundo. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, gesticulam no Palácio do Planalto em 29 de maio de 2023
REUTERS/Ueslei Marcelino
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que as eleições no Brasil não são auditadas, sem citar provas. O candidato venezuelano à reeleição discursou durante um comício na noite desta terça-feira (23).
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Além do Brasil, Maduro questionou os sistemas eleitorais dos Estados Unidos e da Colômbia. Por outro lado, disse que a Venezuela “tem o melhor sistema eleitoral do mundo”.
“Temos 16 auditorias […] Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos, é inauditável o sistema eleitoral. No Brasil não auditam um registro. Na Colômbia não auditam nenhum registro”, afirmou.
Ao contrário do que disse Maduro, as eleições no Brasil são totalmente auditáveis, com processos múltiplos e complementares. Todas as etapas são acompanhadas por entidades e partidos políticos.
O processo eleitoral brasileiro conta ainda com testes de segurança de integridade e de autenticidade, para garantir que não há divergência entre os votos dados e registrados pelas urnas.
Além disso, em 2022, foi feito o teste de biometria para verificar se a impressão digital corresponde com a do eleitor. E houve ainda uma análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de 3 mil boletins de urna, que não encontrou nenhuma divergência.
Por fim, nas eleições presidenciais de 2022, a Missão de Observação das Eleições (MOE) da Organização dos Estados Americanos (OEA) produziu um relatório atestando a eficiência das urnas eletrônicas.
Ao questionar os sistemas eleitorais de outros países, Maduro disse que irá vencer na Venezuela e que a oposição terá de aceitar os resultados.
Enquanto isso, membros da oposição afirmam que estão enfrentando “obstáculos graves” para conseguir credenciais fiscais eleitorais.
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Ainda nesta terça-feira, Maduro mandou uma “indireta” ao presidente Lula (PT), em uma referência a um comentário feito pelo petista na segunda-feira (22).
Lula disse em uma entrevista coletiva que tinha ficado assustado com uma declaração de Maduro de que haveria “banho de sangue” se perdesse as eleições.
“O Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição”, continuou o presidente brasileiro.
Sem citar Lula, o presidente venezuelano disse que prevê para “aqueles que se assustaram” a maior vitória eleitoral dele na história.
Sobre o “banho de sangue”, Maduro disse que não disse nenhuma mentira, apenas fez uma reflexão.
“Quem se assustou que tome um chá de camomila”, declarou.
O Itamaraty disse que não vai comentar a provocação. Nos bastidores, a avaliação é de que Maduro demonstra sinais de fraqueza.
“Você já viu candidato ganhador com essa atitude na véspera de eleição?”, disse um diplomata.
Eleições na Venezuela
A Venezuela realiza eleições sob desconfiança da comunidade internacional de que o regime de Nicolás Maduro não assegure votações livres e democráticas. O pleito está marcado para domingo (28).
O principal concorrente do atual presidente, escolhido a partir de uma coalizão de partidos opositores, é o ex-diplomata Edmundo González.
González foi anunciado pela Plataforma Democrática Unitária (PUD) após Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais. Em março, a PUD declarou que o “acesso ao sistema de inscrição” da candidata não tinha sido permitido.
O governo do Brasil manifestou apoio a Yoris ao afirmar que não havia motivos para barrar a candidatura. O regime de Maduro reagiu dizendo que a nota brasileira parecia ter sido “ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Antes, a opositora María Corina Machado, uma das favoritas a desbancar Maduro, havia sido afastada da corrida eleitoral pelo Supremo Tribunal de Justiça, alinhado ao governo chavista.
Em outubro de 2023, o governo Maduro e a oposição assinaram o Acordo de Barbados, segundo o qual haveria eleições democráticas na Venezuela.
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