Carro autônomo, sem volante nem pedais, foi apresentado na noite de quinta (10). O evento, no entanto, não agradou o mercado, que apontou ‘falta de detalhes’. Apesar das perdas, Musk continua sendo o homem mais rico do mundo, com patrimônio de R$ 1,38 trilhão. Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, Paris, França 16/06/2023
REUTERS/Gonzalo Fuentes
Elon Musk perdeu US$ 11,8 bilhões (R$ 66 bilhões) nesta sexta-feira (11). A fortuna do dono da Tesla diminuiu após a empresa dele lançar o robotáxi Cybercab — um carro sem volante nem pedais, desenvolvido para transportar passageiros sem motorista. (conheça o modelo mais abaixo)
As perdas de Musk acompanharam a desvalorização das ações da montadora de veículos elétricos, que recuaram 8,8% nesta sexta. Em valor de mercado, o tombo da companhia foi de US$ 68 bilhões (R$ 382,5 bilhões).
Apesar das cifras, Musk continua sendo o homem mais rico do mundo, com patrimônio de US$ 248,8 bilhões (R$ 1,38 trilhão), segundo o ranking de bilionários da revista Forbes.
Ele está na frente do dono da Oracle, Larry Ellison, que tem uma fortuna de US$ 212 bilhões (R$ 1,2 trilhão) e do fundador da Amazon, Jeff Bezos, que possui US$ 206,6 bilhões (R$ 1,16 trilhão).
Mas o que explica as perdas?
Os papéis da empresa de Musk começaram a despencar na manhã de sexta, logo após a apresentação do Cybercab, que ocorreu na noite de quinta-feira (10), em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Para analistas do mercado, o evento de lançamento do robotáxi teve menos informações do que o esperado. O tema foi destacado em relatórios enviados por instituições financeiras a clientes.
Conforme a Forbes, o analista Adam Jonas, do banco Morgan Stanley, apontou decepção com os detalhes do robotáxi. Toni Sacconaghi, analista da gestora de patrimônios Bernstein, chamou a apresentação de “surpreendentemente ausente em detalhes”.
Dan Levy, do banco Barclays, destacou que “não houve atualizações indicando oportunidades de curto prazo”, enquanto Nancy Tengler, CEO da Laffer Tengler Investments, afirmou ter sido um evento “muito vago” para o gosto do mercado.
Já Dan Ives, analista do Wedbush, destacou que “Musk e a Tesla deveriam ter gastado mais tempo em detalhes”.
Por outro lado, apesar da reação negativa e da queda nas ações da empresa, também houve reações positivas. Dan Ives, do Wedbush, ponderou que “discorda fortemente” de que o evento tenha sido uma decepção.
John Murphy, do Bank of America, disse que “o evento correspondeu ao hype”.
O lançamento do robotáxi Cybercab
Cybercab é o robotáxi da Tesla, carro sem volantes e pedais, lançado em Los Angeles; imagem foi retirada de vídeo
Tesla/Divulgação via Reuters
A fabricante de carros elétricos de Elon Musk apresentou na noite de quinta-feira o protótipo do robotáxi Cybercab, um carro sem volante nem pedais, desenvolvido para transportar passageiros sem a necessidade de um motorista.
O modelo tem dois lugares e portas que abrem para cima. A produção do veículo deve começar em 2026, segundo anúncio no evento de lançamento, em Los Angeles, nos Estados Unidos, informou a agência Reuters.
Musk, que chegou ao palco em um dos robotáxis, disse que os veículos estarão disponíveis para compra por menos de US$ 30 mil — cerca de R$ 170 mil.
“A grande maioria do tempo, os carros estão apenas parados”, disse Musk no palco. “Mas se forem autônomos, podem ser usados cinco vezes mais, talvez dez vezes mais.”
O Cybercab é o primeiro lançamento da Tesla desde o Cybertruck, apresentado como um carro quase indestrutível em 2019. Naquele ano, Musk também prometeu revelar um robotáxi.
Robotáxi da Tesla é exibido em um evento de lançamento em Los Angeles, na Califórnia
Tesla/Divulgação via Reuters
O lançamento foi adiado mais de uma vez, e a tentativa anterior estava prevista para agosto. Segundo o bilionário, o evento não aconteceu na data prevista devido a uma mudança de última hora no visual do carro.
Ele disse que os carros dependem de inteligência artificial e câmeras, não necessitando de outro hardware como o que os concorrentes de robotáxi usam — uma abordagem que investidores e analistas consideram desafiadora tanto do ponto de vista técnico quanto regulatório.
“O futuro autônomo está aqui,” disse Musk. “Temos 50 carros totalmente autônomos aqui esta noite. Você verá os Model Ys e o Cybercab. Todos sem motorista.”
O plano de Musk é operar uma frota de táxis autônomos da Tesla que os passageiros possam chamar por meio de um aplicativo. Proprietários individuais também poderão ganhar dinheiro no aplicativo, listando seus veículos como robotáxis.
Além do carro, Musk apresentou um robovan, que é um veículo maior e autônomo capaz de transportar até 20 pessoas. Ele também mostrou o robô humanoide Optimus da Tesla.
Robovan da Tesla é apresentado em evento em Los Angeles
Tesla/Divulgação via Reuters
Robô Optimus da Tesla caminha durante o evento de lançamento em Los Angeles
Tesla/Divulgação via Reuters
Investidores desapontados
Segundo a Reuters, investidores que esperavam detalhes concretos sobre a rapidez com que a Tesla pode aumentar a produção de robotáxis, garantir aprovação regulatória e implementar um plano de negócios sólido para superar concorrentes ficaram desapontados.
“Tudo parece legal, mas não muito em termos de prazos. Sou acionista e estou bastante decepcionado. Acho que o mercado queria prazos mais definitivos,” disse Dennis Dick, trader de ações da Triple D. Trading. “Não acho que ele disse muito sobre nada. Ele não deu muitas informações.”
‘Caixa-preta’
A direção autônoma do Cybercab é baseada na técnica de “aprendizado de máquina e ponta-a-ponta”, em que o sistema é treinado para tomar decisões com base em dados brutos.
Depois de receber as informações, o sistema não tem interferência humana, o que faz ele ser apontado como uma “caixa-preta” que dificulta a responsabilização em caso de erros.
O método torna “quase impossível ver o que deu errado quando ele se comporta mal e causa um acidente”, disse um engenheiro da Tesla ouvido pela Reuters na condição de anonimato.
Rivalidade com Alphabet e Uber
O Cybercab deverá concorrer com os carros autônomos de empresas como Waymo, (da Alphabet, controladora do Google), Cruise (da General Motors) e Uber.
As adversárias costumam ter mais sensores redundantes, isto é, que funcionam como camadas extras de proteção para garantir segurança e a aprovação de reguladores para seus veículos.
Já a Tesla quer carros com câmeras mais simples que usam inteligência artificial para analisar o que está ao redor. A tática tem o objetivo de tornar os carros mais baratos, mas pode dificultar a autorização de reguladores.